domingo, 30 de agosto de 2009

Nomes curiosos * (pequena lista)




Abrilina Décima Nona Caçapavana Piratininga de Almeida

Acheropita Papazone

Adalgamir Marge

Adegesto Pataca

Adoração Arabites (masculino)

Aeronauta Barata

Agrícola Beterraba Areia Leão

Agrícola da Terra Fonseca

Alce Barbuda

Aldegunda Carames More (masculino)

Aleluia Sarango

Alfredo Prazeirozo Texugueiro

Alma de Vera

Amado Amoroso

Amável Pinto

Amazonas Rio do Brasil Pimpão

América do Sul Brasil de Santana

Amin Amou Amado

Amor de Deus Rosales Brasil (feminino)

Anatalino Reguete

Antônio Americano do Brasil Mineiro

Antonio Buceta Agudim

Antonio Camisão

Antonio Dodói

Antonio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado

Antonio Melhorança

Antônio Morrendo das Dores

Antonio Noites e Dias

Antônio P. Testa

Antonio Pechincha

Antônio Querido Fracasso

Antonio Treze de Junho de Mil Novecentos e Dezessete

Antônio Veado Prematuro

Apurinã da Floresta Brasileira

Araci do Precioso Sangue

Argentino Argenta

Aricléia Café Chá

Armando Nascimento de Jesus

Arquiteclínio Petrocoquínio de Andrade

Asteróide Silverio

Ava Gina (em homenagem a Ava Gardner e Gina Lolobrigida)

Bananéia Oliveira de Deus

Bandeirante do Brasil Paulistano

Barrigudinha Seleida

Bende Sande Branquinho Maracajá

Benedito Autor da Purificação

Benedito Camurça Aveludado

Benedito Frôscolo Jovino de Almeida Aimbaré Militão de Souza

Baruel de Itaparica Boré Fomi de Tucunduvá

Xurupita Brondinele

sábado, 29 de agosto de 2009

Bananada de erros comuns 9


CABELEIREIRO / PRAZEROSO

É prazeiroso ir ao cabelereiro. (ERRADO)

É prazeroso ir ao cabeleireiro. (CERTO)


Prazeroso: não existe a letra "i" nessa palavra. Sua formação é a seguinte: prazer+oso. Daí, prazeroso, prazerosamente (e não "prazeiroso" ou "prazeirosamente").

Cabeleireiro: o correto é cabeleireiro (ca-be-lei-rei-ro). Provém de "cabeleira+eiro" (que indica profissão).

Bananada de erros comuns 8



SOBRANCELHAS/SOMBRANCELHAS

Minhas sombrancelhas. (ERRADO)

Minhas sobrancelhas. (CERTO)

Sobrancelhas: Cada uma das duas faixas de pêlos que se dispõem por sobre as órbitas oculares; SOBROLHO; SUPERCÍLIO.

Não existe a palavra sombrancelhas.

Bananada de erros comuns 7


PARA EU / PARA MIM

O jornal é para mim ler. (ERRADO)

O jornal é para eu ler. (CERTO)

Nunca se deve dizer: mim quer casar ou mim vai car. O eu é que pode ser sujeito.

Assim: Sou eu que faço. Portanto, para eu ler. Use o "mim", quando o "eu" não for o sujeito.

Assim: O jornal é para mim. / Para mim, ela é linda.

Bananada de erros comuns 6

MIM / SI

Eu fiquei fora de si. (ERRADO)

Eu fiquei fora de mim.(CERTO)

O pronome mim concorda com a 1a pessoa (eu) e o pronome si, com a 3a pessoa (ele, ela).

Assim: Meus filhos esperam muito de mim. ? O vizinho ficou fora de si.

Bananada de erros comuns 5






COPO DE ÁGUA

Bia pediu um copo com água, uma xícara de café e um litro de leite. (ERRADO)

Bia pediu um copo de água, uma xícara de café e um litro de leite. (CERTO)

Não quer dizer que o copo seja feito de água, que a xícara seja feita de café e que o litro seja feito de leite, embora a preposição "de" designe o material de que é feita alguma coisa: cabo de aço, estátua de gesso, etc.

Poucas pessoas teimam em dizer "copo com água", "xícara com café", "litro com leite" - tais expressões têm o sentido de "copo (xícara ou litro) com alguma água ou com algum café, leite". Quando se diz "copo de água", etc., a palavra "copo" (xícara ou litro) define a medida; não quer dizer que o copo (xícara ou litro) seja feito de água, etc.

Bananada de erros comuns 4


TAMPOUCO / TÃO POUCO

Não houve frutas, tão pouco doces. (ERRADO)

Não houve frutas, tampouco doces. (CERTO)

Tão pouco: muito pouco. Assim: A família tinha tão pouco para doar (= algo em pouca quantidade) / Ele comeu tão pouco (= muito pouco).

Tampouco: Também não; nem. Assim: Não comeu frutas, tampouco doces.

Bananada de erros comuns 3




HAJA / AJA

Que você haja com prudência. (ERRADO)

Que você aja com prudência. (CERTO)

Aja é do verbo "agir". Haja, do verbo "haver".

Aja: presente do subjuntivo do verbo "agir" (que eu aja, que tu ajas, que ele aja, etc.).

Haja: presente do subjuntivo do verbo "haver" (que eu haja, que tu hajas, que ele haja, etc.).

Dicas de como escrever e falar bem:


"Ao invés de estudar, acabou indo ao cinema" - É uma forma errada de escrever e falar. Ao invés de significa ao contrário de. Por exemplo: Com a colheita da safra, ao invés de baixar, o preço subiu. A expressão ao invés de indica a oposição entre dois termos. Não confunda com em vez de, que significa em lugar de. Assim, a forma correta seria: Em vez de estudar, acabou indo ao cinema.

"Estou ao par dos acontecimentos" - Está errada esta frase, que é dita por muitos comumente. O certo seria empregar a expressão a par: Estou a par dos acontecimentos. A par de significa estar ciente de alguma coisa, estar sabendo. A locução ao par de só é usada em relação a câmbio: O peso argentino esteve por muito tempo ao par do dólar. Pode-se ainda empregá-la com o sentido de junto, seguindo os mesmos passos: O menino caminhava ao par do pai. Este último exemplo é muito pouco empregado.

"A nível de" - É erro; não use nunca. Mesmo nos casos em que cabe em nível de (Isso só ocorre em nível estadual), recomenda-se evitar a expressão, já desgastada pelo uso exagerado. Em vez de dizer: A reunião ocorrerá em nível de diretoria, basta dizer A diretoria se reunirá.

"Retornar a ligação" - Está errado escrever ou falar que determinada pessoa "retornou" ou "voltou um telefonema". O correto é dizer que ela ligou de volta, respondeu ou atendeu à ligação.

Bananada de erros comuns 2



ETC...

Tenho um apartamento com sala, quarto e etc. (ERRADO)

Tenho um apartamento com sala, quarto, etc. (CERTO)

Etc. é abreviatura de et caetera ou et coetera, expressão latina que significa "e as outras coisas". Normalmente é usada quando se quer evitar uma longa enumeração - Tenho um apartamento com sala, quarto, etc. / Fui à feira e comprei mexericas, bananas, verduras, pastéis, etc. Atualmente, aplica-se também para pessoas, embora, pelo sentido, se use com referência a coisas somente. Usa-se vírgula antes de "etc". O que não se deve usar é a conjunção "e".

Bananada de erros comuns


MUÇARELA / MOZARELA

Quero uma pizza de mussarela. (ERRADO)

Quero uma pizza de muçarela. (CERTO)

Não existe a grafia "mussarela" (com "ss"). Está consignada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, a forma muçarela (com "ç"). Pode-se usar também a forma mozarela. A grafia mussarela é de uso comum nos folhetos de propaganda das pizzarias, o que não justifiça a continuação de seu uso. A palavra muçarela vem do italiano mozzarella, um queijo de origem napolitana feito de leite de búfala (ou de vaca). Mozzarella é diminutivo de Mozza (leite talhado com fungo, mozzé).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Piada Dicionário de Português

ABREVIATURA - ato de abrir carro de polícia.
AÇUCAREIRO - revendedor de açucar que vende acima da tabela.
CÁLICE - ordem para ficar calado.
CAMINHÃO - estrada muito grande.
CANGURU - líder espiritual de cachorros.
CATÁLOGO - ato de se apanhar coisas rapidamente.
COMPULSÃO - alguém com pulso grande.
DEPRESSÃO - espécie de panela angunstiante.
DESTILADO - aquilo que não está do lado de lá.
DETERGENTE - ato de prender indivíduos suspeitos.
DETERMINA - prender uma moça.
EVENTO - constatação de que realmente é vento, não furacão.
JURISPRUDENTE - diz-se do grupo dos jurados que age com cautela.
KARMA - expressão mineira para evitar o pânico.
LOCADORA - uma mulher maluca de nome Dora.
NOVAMENTE - uma menina que não fala a verdade de novo.
PSICOPATA - veterinário especialista em doenças mentais de patas.
QUATZO - partze ou aposentzo de um apartamentzo.
RAZÃO - lago muito extenso porém pouco profundo.
SAARA - muulher do Isaac.
SIMPATIA - concordância com irmã da mãe.
SOSSEGA - mulher que diz não possuir o sentido da visão.
TALENTO - característica de alguma coisa devagar.
VATAPÁ - ordem dada por prefeito de cidade esburacada.
VIDENTE - dentista falando sobre seu trabalho.
VIÚVA - declara que viu uva.
VOLÁTIL - sobrinho avisando onde vai.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Diferenças entre Português do Brasil e Portugal:

O português tem duas variedades escritas (padrões ou standards) reconhecidas internacionalmente:
Português europeu e africano (português europeu)
Português do Brasil (português brasileiro)
Empregado por cerca de 85% dos falantes do português, o padrão brasileiro é hoje o mais falado, escrito, lido e estudado do mundo. É, ademais, amplamente estudado nos países da América do Sul, devido à grande importância econômica do Brasil no Mercosul.
As diferenças entre as variedades do português da Europa e do Brasil estão no vocabulário, na pronúncia e na sintaxe, especialmente nas variedades vernáculas, enquanto nos textos formais essas diferenças diminuem bastante. As diferenças não são maiores que entre o inglês dos Estados Unidos e do Reino Unido ou o francês da França e de Québec. Ambas as variedades são, sem dúvida, dialectos da mesma língua e os falantes de ambas as variedades podem entender-se apenas com pequenas dificuldades pontuais.
Essas diferenças entre as variantes são comuns a todas as línguas naturais, ocorrendo em maior ou menor grau, dependendo do caso. Com um oceano entre Brasil e Portugal, e ao longo de quinhentos anos, a língua evoluiu de maneira diferente em ambos os países, dando origem a dois padrões de linguagem simplesmente diferentes, não existindo um padrão que seja mais correto em relação ao outro.
É importante salientar que dentro daquilo a que se convencionou chamar "português do Brasil" e "português europeu", há um grande número de variações regionais.
Um dos traços mais importantes do português brasileiro é o seu conservadorismo em relação à variante europeia, sobretudo no aspecto fonético. Um português do século XVI mais facilmente reconheceria a fala de um brasileiro do século XX como sua do que a fala de um português. O exemplo mais forte disto é o vocalismo átono usado no Brasil, que corresponde ao do português da época dos descobrimentos. Este fato destrói todo um discurso muito comum no Brasil que procura minorar a herança portuguesa, valorizando apenas as influências africanas e italianas, assim como um discurso muito comum em Portugal que tenta fazer dos portugueses falantes com mais direitos e autoridade do que os brasileiros. Assim, a linguística não só retira qualquer autoridade de qualquer variante em relação às outras, como mostra que a distância entre as variantes e entre os seus falantes não é tão grande como muitos pensam.
Durante muitos anos os dois países estiveram de costas voltadas, legislando sobre a língua sem darem atenção um ao outro, nem aos restantes países lusófonos. O que mais afasta as duas variantes não é o seu léxico ou pronúncia distintos (considerados naturais até num mesmo país), mas antes o facto, pouco comum nas línguas, de seguirem duas ortografias diferentes. Por exemplo, o Brasil eliminou o "c" das sequências interiores cc/cç/ct, e o "p" das sequências pc/pç/pt sempre que não são pronunciados na forma culta da língua, um remanescente do passado latino da língua que persistiu no português europeu.

Europa e África: acção; acto; contacto; eléctrico; óptimo; adopção.

Brasil: acão; ato; contato; direção; elétrico; ótimo; adoção.

Obs: No Brasil mantêm-se quando pronunciadas, como em facção, compactar, intelectual, aptidão etc.
Por seu lado, Portugal aboliu unilateralmente o trema em palavras como freqüente, enquanto no Brasil esse sinal continua sendo utilizado para indicar quando o "u" é pronunciado nas sílabas que/qui/gue/gui. Também ocorrem diferenças de acentuação devido a pronúncias diferentes. No Brasil, em palavras como acadêmico, anônimo e bidê usa-se o acento circunflexo por tratar-se de vogais fechadas, enquanto nos restantes países lusófonos estas vogais são abertas: académico, anónimo e bidé respectivamente.

CARACTERÍSTICAS FONÉTICO-FONOLÓGICAS:
Neste nível, a grande especificidade do português do Brasil, se comparado ao de Portugal. Para observar esse aspecto é necessário distinguir a vogal na posição tônica (da sílaba com acento de intensidade), a vogal na posição átona final (como o /a/ de fuga), e a vogal na posição pretônica (como o /a/ de até).
a) Na posição tônica, o português do Brasil apresenta 7 vogais: /a/ (entrada); /é/ (deve), /ê/ (medo), /i/ (viga); /ó/ (avó), /ô/ (avô), /u/ (urubu). Note-se que a vogal /a/ é pronunciada, com timbre aberto, com a língua em repouso embaixo, na boca; que as vogais /é/, /ê/, /i/ são anteriores, elas são pronunciadas com um movimento da língua para frente; e as vogais /ó/, /ô/, /u/ são posteriores, pronunciadas com um movimento da língua para trás. Em Portugal (8), além dessas vogais, há também um /ä/, que não é aberto como o /a/. Este /ä/ é pronunciado com uma certa elevação da língua, diferentemente do /a/ aberto pronunciado com língua em repouso, embaixo na boca. Assim é que, na língua falada, se distingue /falämos/, presente do indicativo, de /falamos/ passado perfeito (9).

b) Na posição átona final, no português do Brasil, de modo geral, há três vogais /a/ (casa), /i/ (barbante, pronunciado [barbãti]), /u/ (menino, pronunciado [meninu] e mesmo [mininu]). Em Portugal são também três vogais, /ä/, /ë/ e /u/. Assim diferentemente do Brasil, /ä/ é pronunciado com a língua mais alta, com timbre mais fechado, /ë/ é pronunciado fechado, mas numa posição mais posterior do que o /ê/ do Brasil. O /u/ tem as mesmas características fonéticas do /u/ brasileiro.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E SINTÁTICAS

a) Uso do pronome ele como objeto:
Em Portugal esta é uma construção inexistente. É comum no Brasil frases como: Encontrei ele ontem; esse rapaz, eu conheci ele no trem; esse rapaz aí que eu encontrei ele no trem. Nestas frases ele é complemento da frase, diferentemente de Portugal onde esta construção, normalmente, não aparece.

b) ele como sujeito:
No Brasil temos, por exemplo: Eu tinha uma empregada que ela respondia ao telefone e dizia... Enquanto em Portugal o que se encontra é somente algo como: Eu tinha uma empregada que respondia ao telefone e dizia...
Esta diferença diz respeito a que no português do Brasil o ele aparece preferencialmente ao sujeito nulo (que na escola conhecemos como sujeito oculto), diferentemente do português de Portugal, onde aparece preferencialmente o sujeito nulo e em que o ele aparece quando é necessário marcar a concordância, já que a terminação verbal é a mesma entre a primeira e a terceira pessoa, ou para estabelecer um contraste.

CARACTERÍSTICAS DO LÉXICO:
Desde o início do século XIX, com o Marquês de Pedra Branca, se usa o estudo do léxico para mostrar diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal (11). Essas diferenças dizem respeito ao fato de que, no Brasil, muitas palavras tomaram outros sentidos ou foram incorporadas ao português a partir das línguas indígenas e africanas, com as quais o português esteve e está em relação. Podemos observar palavras que têm um sentido em Portugal e outro no Brasil:

Br: Trem; Pt: comboio
Br: ônibus; Pt: autocarro
Br: bonde; Pt: eléctrico
Br: aeromoça; Pt: hospedeira
Br: pátula; Pt: corta-papeles
Br: terno; Pt: fato
Br: metrô; Pt: metro

Por outro lado, há no Brasil um conjunto importante de palavras de origem indígena, comumente o tupi, assim como de origem africana.
Exemplos de palavras de origem indígena: capim, cupim, caatinga, curumim, guri, buriti, carnaúba, mandacaru, capivara, curió, sucuri, piranha, urubu, mingau, moqueca, abacaxi, caju, Tijuca, etc. São, em geral, palavras relativas à designação da flora, da fauna, de alimentos, assim como de lugares.
Exemplos de palavras de origem africana: caçula, cafuné, molambo, moleque; orixá, vatapá, abará, acarajé; bangüê; senzala, mocambo, maxixe, samba. São, em geral, palavras que designam elementos do candomblé, da cozinha de influência africana, do universo das plantações de cana, do universo de vida dos escravos, e mesmo outros de aspecto mais geral. Grandes listas de palavras dessas línguas que se incorporaram ao português podem ser encontradas em diversos livros de lingüística histórica do português como Silva Neto (1950), Bueno (1946, 1950) e Coutinho (1936).

- História da Lingua portuguesa no Brasil

No início da colonização portuguesa no Brasil (a partir da descoberta, em 1500), o tupi (mais precisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani) foi usado como língua geral na colônia, ao lado do português, principalmente graças aos padres jesuítas que haviam estudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do tupi foi proibida por uma Provisão Real. Tal medida foi possível porque, a essa altura, o tupi já estava sendo suplantado pelo português, em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos.
Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas contribuições. A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria (vocabulário ligado à religião e à cozinha afrobrasileiras), e do quimbundo angolano (palavras como caçula, moleque e samba).
Um novo afastamento entre o português brasileiro e o europeu aconteceu quando a língua falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar português (principalmente por influência francesa) durante o século XVIII, mantendo-se fiel, basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta. Uma reaproximação ocorreu entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa, em razão da invasão do país pelas tropas de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte, ocasionando um reaportuguesamento intenso da língua falada nas grandes cidades.
Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do país. Isso explica certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu.
No século XX, a distância entre as variantes portuguesa e brasileira do português aumentou em razão dos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento unificado para a incorporação de novos termos à língua, certas palavras passaram a ter formas diferentes nos dois países (comboio e trem, autocarro e ônibus, pedágio e portagem). Além disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento romântico do início do século intensificaram o projeto de criação de uma literatura nacional expressa na variedade brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em 1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as peculiaridades do falar brasileiro. A abertura conquistada pelos modernistas consagrou literariamente a norma brasileira.
A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior ainda do que a da portuguesa, o que surpreende em se tratando de um pais tão vasto. A comparação das variedades dialetais brasileiras com as portuguesas leva à conclusão de que aquelas representam em conjunto um sincretismo destas, já que quase todos os traços regionais ou do português padrão europeu que não aparecem na língua culta brasileira são encontrados em algum dialeto do Brasil.
A insuficiência de informações rigorosamente científicas e completas sobre as diferenças que separam as variedades regionais existentes no Brasil não permite classificá-las em bases semelhantes às que foram adotadas na classificacão dos dialetos do português europeu. Existe, em caráter provisório, uma proposta de classificação de conjunto que se baseia - como no caso do português europeu - em diferenças de pronúncia (basicamente no grau de abertura na pronúncia das vogais, como em pEgar, onde o "e" pode ser aberto ou fechado, e na cadência da fala). Segundo essa proposta, é possível distinguir dois grupos de dialetos brasileiros: o do Norte e o do Sul. Pode-se distinguir no Norte duas variedades: amazônica e nordestina. E, no Sul, quatro: baiana, fluminense, mineira e sulina.

Esta proposta, embora tenha o mérito de ser a primeira tentativa de classificação global dos dialetos portugueses no Brasil, é claramente simplificadora. Alguns dos casos mais evidentes de variações dialectais não representadas nessa classificação seriam:
a diferença de pronúncia entre o litoral e o interior do Nordeste;
o dialeto da região de Recife, em Pernambuco (PE) é particularmente distinto;
a forma de falar da cidade do Rio de Janeiro (RJ);
o dialeto do interior do estado de São Paulo (SP);
e as características próprias aos três estados da região sul (PR, SC e RS), em particular o(s) dialeto(s) utilizado(s) no estado do Rio Grande do Sul (RS)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Nova Ortografia


Principais mudanças:

Alfabeto• Nova Regra: O alfabeto agora é formado por 26 letras
• Regra Antiga: O 'k', 'w' e 'y' não eram consideradas letras do nosso alfabeto.
• Como Será: Essas letras serão usadas em siglas, símbolos, nomes próprios, palavras estrangeiras e seus derivados. Exemplos: km, watt, Byron, byroniano

Trema
• Nova Regra: Não existe mais o trema em língua portuguesa. Apenas em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano
• Regra Antiga: agüentar, conseqüência, cinqüenta, qüinqüênio, frqüência, freqüente, eloqüência, eloqüente, argüição, delinqüir, pingüim, tranqüilo, lingüiça
• Como Será: aguentar, consequência, cinquenta, quinquênio, frequência, frequente, eloquência, eloquente, arguição, delinquir, pinguim, tranquilo, linguiça.

Acentuação
• Nova Regra: Ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuados em palavras paroxítonas
• Regra Antiga: assembléia, platéia, idéia, colméia, boléia, panacéia, Coréia, hebréia, bóia, paranóia, jibóia, apóio, heróico, paranóico
• Como Será: assembleia, plateia, ideia, colmeia, boleia, panaceia, Coreia, hebreia, boia, paranoia, jiboia, apoio, heroico, paranoico

Observações:
• nos ditongos abertos de palavras oxítonas e monossílabas o acento continua: herói, constrói, dói, anéis, papéis.
• o acento no ditongo aberto 'eu' continua: chapéu, véu, céu, ilhéu.

• Nova Regra: O hiato 'oo' não é mais acentuado
• Regra Antiga: enjôo, vôo, corôo, perdôo, côo, môo, abençôo, povôo
• Como Será: enjoo, voo, coroo, perdoo, coo, moo, abençoo, povoo

• Nova Regra: O hiato 'ee' não é mais acentuado
• Regra Antiga: crêem, dêem, lêem, vêem, descrêem, relêem, revêem
• Como Será: creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem

• Nova Regra: Não existe mais o acento diferencial em palavras homógrafas
• Regra Antiga: pára (verbo), péla (substantivo e verbo), pêlo (substantivo), pêra (substantivo), péra (substantivo), pólo (substantivo)
• Como Será: para (verbo), pela (substantivo e verbo), pelo (substantivo), pera (substantivo), pera (substantivo), polo (substantivo)

Observação:
• o acento diferencial ainda permanece no verbo 'poder' (3ª pessoa do Pretérito Perfeito do Indicativo - 'pôde') e no verbo 'pôr' para diferenciar da preposição 'por'

• Nova Regra: Não se acentua mais a letra 'u' nas formas verbais rizotônicas, quando precedido de 'g' ou 'q' e antes de 'e' ou 'i' (gue, que, gui, qui)
• Regra Antiga: argúi, apazigúe, averigúe, enxagúe, enxagúemos, obliqúe
• Como Será: argui, apazigue,averigue, enxague, ensaguemos, oblique

• Nova Regra: Não se acentua mais 'i' e 'u' tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo
• Regra Antiga: baiúca, boiúna, cheiínho, saiínha, feiúra, feiúme
• Como Será: baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume

Hífen• Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por 'r' ou 's', sendo que essas devem ser dobradas
• Regra Antiga: ante-sala, ante-sacristia, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, arqui-romântico, arqui-rivalidae, auto-regulamentação, auto-sugestão, contra-senso, contra-regra, contra-senha, extra-regimento, extra-sístole, extra-seco, infra-som, ultra-sonografia, semi-real, semi-sintético, supra-renal, supra-sensível
• Como Será: antessala, antessacristia, autorretrato, antissocial, antirrugas, arquirromântico, arquirrivalidade, autorregulamentação, contrassenha, extrarregimento, extrassístole, extrasseco, infrassom, inrarrenal, ultrarromântico, ultrassonografia, suprarrenal, suprassensível

Observação:
• em prefixos terminados por 'r', permanece o hífen se a palavra seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, inter-relação, super-racional, super-realista, super-resistente etc.

• Nova Regra: O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal
• Regra Antiga: auto-afirmação, auto-ajuda, auto-aprendizagem, auto-escola, auto-estrada, auto-instrução, contra-exemplo, contra-indicação, contra-ordem, extra-escolar, extra-oficial, infra-estrutura, intra-ocular, intra-uterino, neo-expressionista, neo-imperialista, semi-aberto, semi-árido, semi-automático, semi-embriagado, semi-obscuridade, supra-ocular, ultra-elevado
• Como Será: autoafirmação, autoajuda, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, contraexemplo, contraindicação, contraordem, extraescolar, extraoficial, infraestrutura, intraocular, intrauterino, neoexpressionista, neoimperialista, semiaberto, semiautomático, semiárido, semiembriagado, semiobscuridade, supraocular, ultraelevado.

Observações:
• esta nova regra vai uniformizar algumas exceções já existentes antes: antiaéreo, antiamericano, socioeconômico etc.
• esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por 'h': anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, semi-herbáceo etc.

• Nova Regra: Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal.
• Regra Antiga: antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo, arquiirmandade, microondas, microônibus, microorgânico
• Como Será: anti-ibérico, anti-inflamatório, anti-inflacionário, anti-imperialista, arqui-inimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico

Observações:
• esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente = não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen
• uma exceção é o prefixo 'co'. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal 'o', NÃO utliza-se hífen.

• Nova Regra: Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição
• Regra Antiga: manda-chuva, pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára-vento
• Como Será: mandachuva, paraquedas, paraquedista, paralama, parabrisa, parachoque, paravento

Observação:
• o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constiui unidade sintagmática e semântica, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beija-flor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc.

O uso do hífen permanece
• Em palavras formadas por prefixos 'ex', 'vice', 'soto': ex- marido, vice-presidente, soto-mestre
• Em palavras formadas por prefixos 'circum' e 'pan' + palavras iniciadas em vogal, M ou N: pan-americano, circum-navegação
• Em palavras formadas com prefixos 'pré', 'pró' e 'pós' + palavras que tem significado próprio: pré-natal, pró-desarmamento, pós-graduação
• Em palavras formadas pelas palavras 'além', 'aquém', 'recém', 'sem': além-mar, além-fronteiras, aquém-oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto

Não existe mais hífen
• Em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais): cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc.
• Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa.

Consoantes não pronunciadas
Fora do Brasil foram eliminadas as consoantes não pronunciadas:
• ação, didático, ótimo, batismo em vez de acção, didáctico, óptimo, baptismo

Grafia Dupla
De forma a contemplar as diferenças fonéticas existentes, aceitam-se duplas grafias em algumas palavras:
• António/Antônio, facto/fato, secção/seção.

Link do conversor ortográfico pra facilitar sua vida:
www.interney.net/conversor-ortografico.php

As armadilhas do texto

Ao escrever, é preciso observar certas construções que podem dificultar a compreensão. Um dos maiores inimigos da clareza textual é a ambigüidade, isto é, o emprego de palavras ou construções que podem ser entendidas de mais de uma maneira. Existe ambigüidade normalmente devido à pontuação inadequada ou ao emprego de palavras ou expressões de forma pouco clara, com mais de um sentido. Vejamos alguns casos.

Logo após o resultado das eleições de outubro de 2006, um jornal local publicou a seguinte manchete: “Lula recebe governadores eleitos em busca de apoio”. Nesse caso, a expressão “em busca de apoio” pode referir-se a “Lula” ou a “governadores eleitos”, o que dificulta a compreensão. O problema seria evitado se o redator escrevesse: Em busca de apoio, Lula recebe governadores eleitos.

O vestibular da UFRN, recentemente, pediu para que fosse desfeita a ambigüidade da frase “Conheci a irmã de Caetano, que mora em Natal”. Não se sabe, na frase, se quem mora em Natal é Caetano ou a irmã dele. Bastaria substituir o pronome relativo “que” por “o qual” ou “a qual”: Conheci a irmã de Caetano, a qual (irmã) mora em Natal ou Conheci a irmã de Caetano, o qual (Caetano) mora em Natal.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Linguagem de internet e celular

Um estudo realizado no ano passado por um professor universitário na Austrália revelou que os jovens, se têm facilidade para escrever mensagens de maneira abreviada, podem não ter tanta habilidade assim para lê-las. Quase metade dos 55 estudantes envolvidos demorou duas vezes mais para ler do que para escrever mensagens do tipo “Vc q tc?”.


A internet faz o adolescente ler menos?

Pelo contrário. A pesquisa da professora da UFJF mostra que a internet está levando o adolescente a ler e a escrever mais. O texto escrito foi redescoberto como forma de comunicação, e a leitura ganhou novos formatos. Há uma espécie de letramento digital. A leitura é hipertextual: baseada no hipertexto, na utilização de links. Cada um faz a sua leitura, não precisa ser linear, enquanto o livro é geralmente linear, pondera ela. Em resumo, no meio digital o leitor tem mais autoria na leitura - ele faz o seu próprio percurso, a sua seleção. E lê de maneira prazerosa, lúdica. Isso é capaz de aproximar o adolescente da literatura. Há sites em que eles escrevem poesia, até de modo coletivo, e outros onde podem baixar e-books.

Essa linguagem pode modificar a língua que falamos?

É possível que essa linguagem venha, no futuro, a modificar a língua que falamos. Já começamos a incorporar, no português do Brasil, os termos da informática e da internet, como "deletar", "caps lock", "control+c", "control+v", "control+z". Há muita gente rindo em voz alta como na web: “eheheh”. “A língua é uma coisa viva, porque falada. Só a língua morta, como é o caso do latim, permanece estática. Há palavras do português que sumiram, enquanto outras foram incorporadas. A língua é dinâmica, se transforma sempre.

Essa escrita vicia?

Muitos adolescentes ouvidos em uma pesquisa, demonstraram saber separar as coisas. Eles sabem que na escola não podem escrever da mesma forma que na internet, diz ela. Essa linguagem é um gênero novo de discurso, e os usuários sabem disso, sabem que é algo diferente do que está no livro ou em outro lugar. Uma prova de que os adolescentes sabem separar as coisas é que, quando o canal de filmes pago Telecine criou a sessão Cyber Vídeo, com legendas que se apropriavam do internetês, houve uma forte reação dos próprios adolescentes contra o método. Eles diziam que não era linguagem própria para o cinema, que era linguagem de internet. Dirigida ao público teen, a experiência do Telecine não foi mesmo para frente: estreou em 2005 e já no ano seguinte saiu do ar.

Há padrões de escrita para internet e celular?

A linguagem abreviada, especialmente a da web, segue os padrões da oralidade. Ela substitui uma conversa ou um bate-papo. O interlocutor está presente e em tempo real, apesar da distância. Para andar mais rápido, se escrevem oxítonas com acento agudo sem acento e com h no final, como cafeh, e se firmam acordos tácitos para uso de determinadas palavras, como vc em vez de você ou tc em vez de teclar. Outros elementos que fazem parte desse sistema são as representações de emoção, geradas para compensar a ausência física do interlocutor: risos, rs, "eheh", ":)", ":(", "[]", etc. Há diversas fontes na internet, como sites específicos e, o próprio MSN, onde usuários dessa linguagem podem copiar símbolos ou emoticons para depois usá-los em suas mensagens.

A escrita abreviada e simplificada prejudica a compreensão?

Quando duas pessoas dominam o mesmo código, não costuma haver dificuldade na troca de mensagens. Mas uma pessoa que nunca empregou uma linguagem como a que os adolescentes usam na internet pode achá-la uma loucura à primeira leitura. Pais e mães podem pensar que é uma escrita errada, quando não é: é uma escrita feita para um suporte próprio, adaptada para uma determinada situação. Não há erro de ortografia, embora essa linguagem desobedeça à regra culta. Dentro daquele sistema, explica a professora, a substituição de “ss” por “ç” faz sentido e não representa um erro. É claro também que pode haver maior dificuldade em ler a mensagem em voz alta do que escrever de maneira reduzida - especialmente se quem lê em voz alta não domina bem o código que está lendo.

Isso já acontecia antes em outros meios?

Sim, mas de modo diferente. O telegrama é um meio de comunicação que faz uso da linguagem abreviada, mas segue um código mais formal, mais atento às regras ortográficas cultas. Não é usual, por exemplo, trocar “assim” por “axim” ou “endosso” por “endoço”. O telégrafo, aliás, chegou a fazer uso do Código Morse, que, com pontos e traços, facilitava a transmissão da mensagem. O texto era transmitido de forma codificada pelo telegrafista, que se colocava como intermediário entre emissor e receptor. Depois, a mensagem era transportada por navio, trem ou avião (mais tarde). Nas conversas pela internet ou pelo celular, essa figura não está presente, o que permite uma maior intimidade entre as partes envolvidas no diálogo. Além disso, a escrita da internet está contaminada pelos ares de sua época: ela é uma forma própria ao suporte em que se deita. “O contexto gera formas novas de utilizar a linguagem.

Por que essa linguagem tem mais adeptos entre os adolescentes?

Os adolescentes têm grande facilidade de se adaptar aos símbolos de um novo código, pelas características da própria idade. Não é de hoje que colegas de escola trocam bilhetinhos durante a aula. Longe das vistas do professor, trocam papéis amassados ou dobrados - se é que hoje não o fazem por celular ou mesmo pela internet, nos colégios onde o computador é instrumento de ensino. É próprio do adolescente criar código. No celular, porém, a adesão à linguagem simplificada é maior, devido à dificuldade de digitar no pequeno teclado do aparelho telefônico. Jovens adultos e adultos também vêm passando a utilizá-la.

Onde e por quem essa linguagem abreviada é mais usada?

  1. Os principais autores da escrita simplificada são os jovens e, entre eles, os adolescentes. Eles fazem uso desse tipo de linguagem no celular e na internet, especialmente em canais de relacionamento, como o Orkut e o MSN. Mas essa linguagem teve início nos chats, também começando pelas salas de bate-papo virtuais. Nos e-mails, a escrita abreviada tem menos lugar porque se trata de um meio de comunicação assíncrono, ou seja, a informação é enviada em intervalos irregulares: uma pessoa envia uma mensagem para outra, mas não sabe quanto terá uma resposta. É um ritmo parecido com o da tradicional troca de cartas. No celular, a linguagem abreviada fica restrita aos torpedos, que são escritos.

A lingem usada na internet

São dois os principais motivos da abreviação de palavras: o primeiro, a facilidade de se escrever de modo simplificado, e o segundo, a pressa. Esta, por sua vez, está ligada a outras duas razões: a economia (mandar uma mensagem maior pelo celular pode custar mais) e o desejo de reproduzir virtualmente o ritmo de uma conversa oral. É para acelerar o bate-papo, que na internet, em chats e programas de mensagem instantânea, acontece em tempo real, explica a especialista. No celular, há o agravante do teclado, que é menor, e do preço, que é maior. Uma terceira causa seria o desejo do adolescente de pertencer a um grupo: ele pode adaptar a sua escrita à linguagem da comunidade de que quer fazer parte - com o uso dos termos adaptados, ele adere aos códigos do grupo.